Quando se fala em gestão financeira, é normal pensar em uma empresa. No entanto, essa prática também deve ser adotada por você. Afinal, essa é a prerrogativa máxima para ter o orçamento equilibrado e as contas em dia. Nesse cenário, um aspecto fundamental é a reserva de emergência.
Esse termo se refere a uma quantia para ser usada em situações de imprevisto. Parece algo simples, concorda? No entanto, é fundamental — e boa parte dos brasileiros ignoram essa recomendação. Muitos nem sabem que é preciso deixar esse montante separado.
A consequência é o caos financeiro. Quer ver um exemplo? Pense nas dívidas de começo de ano. Matrícula, material escolar, IPTU, IPVA etc. tendem a impactar o orçamento mensal. Você pode até ter se preparado para esses gastos. Afinal, eles são recorrentes nessa época.
Para entender melhor, criamos este guia completo para você entender o assunto e saber como criar a sua reserva de emergência. Que tal ler e aplicar essas dicas no seu dia a dia?
O que é reserva de emergência?
A reserva de emergência é um valor poupado e deixado para custear algum imprevisto que aconteça em sua vida. Por isso, ele deve estar investido em um produto financeiro seguro, com baixíssima chance de perdas e alta liquidez. Afinal, pode ser necessário fazer o resgate a qualquer momento.
A importância de investir esse dinheiro — em vez de guardá-lo embaixo do colchão — é garantir que a inflação não te afete negativamente. Além disso, vale a pena reforçar que essa quantia deve ser utilizada somente quando realmente for realmente necessário.
Dessa forma, você evita problemas financeiros que podem desequilibrar suas finanças. Algumas situações que podem levar a esse cenário são:
- Desemprego;
- Tratamento de saúde;
- Viagem inesperada;
- Mudança de cidade, estado ou país;
- Gastos com burocracias;
- Extrapolamento dos gastos no cartão de crédito;
- Reparos ou manutenção inadiáveis na casa ou no carro.
No entanto, é fundamental formar essa reserva e manter a disciplina nos gastos. Caso contrário, você terá que sacar alguma quantia todos os meses e o dinheiro deixa de ser usado para emergências, concorda?
Portanto, ainda é fundamental planejar os gastos. Assim, você vai além de saber o que é reserva de emergência. Consegue aplicar esse conceito da forma certa e começar uma trajetória de investimentos, tanto no Brasil quanto no exterior.
Importância da reserva de emergência
O principal objetivo de ter essa quantia reservada é evitar que as suas finanças fiquem no vermelho em caso de algum gasto inesperado. Isso ajuda a evitar o endividamento e a inadimplência — duas situações muito comuns entre os brasileiros.
Basicamente, o endividamento é caracterizado pela existência de uma ou mais contas parceladas em aberto. Portanto, se você tem um financiamento, empréstimo, parcelamentos no cartão de crédito ou carnê de loja etc., você tem uma dívida.
Nesse sentido, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de outubro de 2022 mostrou que 79,2% das famílias estão nessa situação. Esse levantamento considera dívidas e contas a vencer de:
- Cheque pré-datado;
- Cheque especial;
- Cartão de crédito;
- Crédito consignado;
- Carnê de loja;
- Empréstimo pessoal;
- Prestação de carro e casa.
Enquanto isso, a inadimplência é mais complicada. Isso porque abrange os consumidores que têm dívidas vencidas e não pagas. Portanto, podem estar com o CPF inserido na lista de maus pagadores dos órgãos de proteção ao crédito.
Essa situação gera dificuldades em conseguir crédito no mercado, prejudicando todo o relacionamento com os bancos. Nesse caso, 30,3% das famílias estão enquadradas nesse contexto, segundo a Peic.
Esse cenário acontece justamente pelo desequilíbrio financeiro e pela falta de uma reserva de emergência. Além desses efeitos, outro impacto é a impossibilidade de investir e garantir um futuro mais tranquilo.
Tanto é que a pesquisa Raio X do Investidor 2022, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), mostrou que apenas 39% dos brasileiros investem. O mesmo levantamento indicou que:
- Apenas 27% dos brasileiros conseguiram economizar, sendo que 45% faziam parte das classes A e B;
- Do total de pessoas que economizou, 38% investiram;
- Apesar disso, 54% do total de entrevistados precisou de dinheiro para alguma emergência.
É possível que você tenha se identificado com esse contexto. Ainda assim, mesmo que não seja o seu caso, é importante fazer uma boa gestão financeira. Afinal, por mais que você não chegue a ser um dos 10 homens mais ricos do mundo, ter uma boa reserva de emergência e investir ajuda a formar um patrimônio sólido. Com isso, passa a ter mais liberdade e autonomia.
Como funciona a reserva de emergência?
Basicamente, essa quantia funciona de maneira muito simples: você economiza, poupa e investe o dinheiro até ter um montante razoável. Esse valor servirá para imprevistos e precisa estar em um local em que traga alguma rentabilidade, para não perder o poder de compra. Ao mesmo tempo, deve oferecer liquidez, para permitir o resgate a qualquer momento.
Como formar a sua reserva de emergência?
Apesar da explicação anterior ser fácil, existem vários detalhes a observar. Por exemplo, onde guardar a reserva de emergência? Como criá-la? Quais investimentos são mais recomendados?
A resposta a esses questionamentos está a seguir. Veja como estruturar sua reserva de emergência:
Deixe as contas organizadas
Comece com a organização do seu orçamento. Veja quanto você realmente ganha e gasta e faça um planejamento. Vale a pena definir metas de consumo por categoria e fazer alguns cortes de valores desnecessários. Além disso, pague tudo em dia e, se tiver dívidas, quite-as ou renegocie com o credor.
Defina um valor a poupar todo mês
Economizar é diminuir os gastos. Poupar é deixar essa quantia guardada, sem gastar com outra coisa. Você deve fazer isso todos os meses, estabelecendo uma meta realista. Então, adote a ideia do “se pague primeiro”.
Na prática, isso significa reservar o dinheiro para emergência assim que a sua renda chegar. Dessa forma, você terá a disciplina necessária para ter esse montante separado para imprevistos.
Invista esse dinheiro
O investimento para reserva de emergência precisa ter duas características principais: ter alta liquidez e ser seguro. Adiante, vamos trazer mais dicas para você entender quais ativos escolher. Por enquanto, vale a pena entender que a quantia deve estar disponível a qualquer momento.
Evite usar esse dinheiro
O nome já deixa claro que essa quantia deve ser utilizada somente para emergências. Ou seja, ele não deve ser usado quando você quiser, mas sim precisar. Assim, você terá um seguro pessoal que atenderá a diferentes situações e necessidades inesperadas.
Portanto, você deve utilizá-lo para evitar o endividamento. Por sua vez, essa quantia não deve ser usada para quitar dívidas. Parece incoerente? A explicação é simples.
As dívidas que você já tem devem ser quitadas com a sua renda normal. Assim, elas devem estar previstas no seu planejamento financeiro. Inclusive, é indicado fazer esse pagamento ao mesmo tempo em que você forma a sua reserva de emergência.
Por sua vez, novas dívidas podem ser evitadas com a ajuda desse dinheiro para emergências. Assim, em vez de parcelar um serviço e pagar juros, você paga com a sua reserva.
Entendeu a diferença? Fazendo isso, você tem a segurança de que conseguirá quitar suas dívidas e ter a sua reserva de emergência bem estruturada. Dessa forma, chegará a um novo patamar financeiro.
Quanto deve ser a reserva de emergência?
O montante a ser guardado depende da sua renda e condição de trabalho. O ideal é saber como calcular a reserva de emergência de acordo com a sua realidade. Afinal, não existe fórmula pronta nem regra fixa a seguir.
Então, o que fazer? O recomendado é avaliar o total das suas despesas fixas e multiplicar por determinada quantidade de meses. Aqui, está o aspecto principal a considerar. Afinal, como esse dinheiro deve ser usado para emergência, é preciso que ele seja equivalente a 3 a 9 meses da sua renda atual.
Alguns cálculos consideram o custo de vida atual. Nesse caso, o foco são as despesas fixas, como supermercado, contas da casa, transporte, saúde etc. Você também pode usar essa base. Porém, considere um período maior, que pode chegar a 18 meses.
A questão é: o que determina a quantidade de meses? Isso depende da estabilidade da sua renda e das suas despesas. Por exemplo, quem trabalha no serviço público pode guardar uma quantia menor, porque o risco de perder a renda é, praticamente, nulo. Por outro lado, os autônomos e os Microempreendedores Individuais (MEIs) devem ter uma reserva maior.
Além desses fatores, considere outros aspectos. Por exemplo:
- Nível de empregabilidade da sua área de atuação;
- Número de filhos, animais de estimação e dependentes;
- Possibilidade de gastos imprevistos com o carro e a casa próprios;
- Cuidados com a saúde tanto de sua parte quanto de sua família;
- Parcelamentos e dívidas assumidos;
- Tendência ao descontrole financeiro.
Portanto, não existe um valor específico a considerar. Ainda assim, vale a pena pensar sobre o assunto. Inclusive, porque você consegue aplicar o seu dinheiro de forma mais tranquila, construir o seu patrimônio e até investir no exterior.
Qual o melhor investimento para reserva de emergência?
Para saber onde guardar a reserva de emergência, você deve considerar 3 aspectos em relação aos investimentos. Eles são:
- Liquidez;
- Segurança;
- Baixa volatilidade.
Portanto, o ideal é começar a investir no Brasil — pelo menos, para formar a reserva de emergência. Nesse cenário, alguns dos principais produtos financeiros são:
- Tesouro Selic: é um título público que tem sua rentabilidade atrelada à Selic. Portanto, quanto mais alta estiver a taxa básica de juros, mais seu dinheiro rende. A vantagem é a liquidez diária e de ser o título mais seguro do país;
- CDBs de liquidez diária: os Certificados de Depósito Bancário são títulos privados. Emitidos por empresas, eles seguem o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), um índice de mercado que fica próximo à Selic. Apesar de ser em menor quantidade, existem CDBs com liquidez diária. Porém, vale a pena procurar aqueles que rendem perto de 100% do CDI;
- Fundos de renda fixa: esses fundos de investimentos aplicam a maior parte do patrimônio na renda fixa, o que aumenta a segurança do portfólio. Certifique-se de que a liquidez é D+0 ou D+1, para que você tenha acesso fácil e rápido ao dinheiro.
Depois de formar a sua reserva de emergência, você já adquiriu o hábito de economizar, poupar e investir. Então, está na hora de pensar em diversificar ainda mais a sua carteira. Nessa hora, vale a pena considerar os ativos estrangeiros.
Eles podem oferecer um potencial de rentabilidade maior, porque estão atrelados a uma moeda mais forte. Assim, ao saber como investir em dólar, por exemplo, você garante uma proteção maior para o seu patrimônio. Isso porque a moeda americana é historicamente mais valorizada do que o real.
A mesma prerrogativa vale para o euro. Dessa forma, você consegue investir seu dinheiro com mais tranquilidade e construir o seu futuro com calma e aos poucos. Além disso, sabe como contar com uma plataforma de transferências internacionais de qualidade e sem burocracia.
É exatamente isso que a reserva de emergência prega. Por isso, ela é o primeiro passo para a sua autonomia e a sua liberdade financeira. Depois disso, basta continuar para organizar seu orçamento e ter um futuro mais tranquilo.
E agora que você já sabe como fazer uma reserva de emergência e organizar as suas finanças pessoais, que tal conhecer um pouco mais sobre os investimentos de renda fixa? Confira o conteúdo completo que preparamos sobre o tema.