Nascido no Líbano, em 1936, Joseph Safra veio para o Brasil para dar seguimento à tradição de sua família. Fundador do Banco Safra, sua visão voltada para retornos em longo prazo trouxe resultados e transformou o seu empreendimento numa das maiores instituições financeiras do país, acumulando um patrimônio líquido de R$ 11,8 bilhões.
Seguindo um modelo tradicional de investimento, Joseph Safra colheu os resultados de seus empreendimentos aos poucos, prezando pela confiança de seus clientes e, ao mesmo tempo, trazendo retornos significativos. Ele chegou a ser o banqueiro com o maior patrimônio mundial, passando de US$ 20 bilhões.
Além dos negócios, ficou conhecido pelo patrocínio à arte e a projetos sociais de diversas áreas. Entre as instituições apoiadas estão a Fundação Dorina Nowill, GRAAC, APAE, entre outras. Também mantinha forte ligação com a sua religião, o judaísmo, apoiando a preservação das tradições e cultura.
Confira, neste artigo, a história de um dos nomes mais representativos do mercado brasileiro.
História de Joseph Safra
Joseph Safra seguiu toda a tradição de sua família libanesa. De origem judaica, os Safras eram conhecidos pela vasta experiência de mais de 100 anos no setor bancário, principalmente realizando transações cambiais de moedas e ouro em diversos continentes.
Joseph passou sua juventude vivendo no seu país de origem e aprendendo com a família sobre o sistema bancário e transações comerciais; essenciais para o desenvolvimento dos futuros negócios e de toda a sua filosofia para administração e gerenciamento. Ele também apoiava o pai, Jacob, como mensageiro nos negócios.
Jacob foi o responsável por abrir uma filial do Safra Frères & Cie em Beirute, dando sequência aos empreendimentos da família, que já estava neste mercado desde o século XIX.
Nos anos 1920, ele decide abrir uma nova instituição, o Banco Jacob E. Safra. Neste momento, amplia ainda mais os negócios, ganhando notoriedade com a conversão rápida de moedas.
Devido à situação de conflitos que rondava a região e o temor pelas suas origens judaicas, Jacob decide deixar o Líbano com a família, vindo para o Brasil em 1952, após a II Guerra Mundial.
Com uma comunidade sirio-libanesa forte e em extrema expansão, São Paulo foi a cidade escolhida para começar a nova vida. Mas nem todos da família Safra vieram direto ao Brasil. Joseph, por exemplo, seguiu para a Inglaterra, para terminar seus estudos.
Por volta dos 17 anos, Joseph começa a sua saga pelo mundo dos investimentos: uma empreitada que não saiu como planejado. Ao investir US$ 300 na valorização da moeda egípcia, ele perde tudo e descobre que arriscar não era o seu forte. Apesar da decepção, este foi um dos momentos mais decisivos para sua carreira, e lhe ensinou sobre como ele gostaria de seguir com seus negócios futuros.
Depois de terminar os estudos, segue para os EUA e começa a trabalhar no Bank of America. Dez anos após os Safras se estabelecerem em São Paulo, Joseph se junta a eles e passa a dar sequência à expertise da família, trabalhando na instituição financeira que haviam criado.
Um ano após sua chegada ao Brasil, Joseph perde o pai, ficando para os filhos a administração da instituição; que ainda conquistava a confiança dos brasileiros, na época.
O negócio começa a trazer para o país as inovações que eles já utilizavam no Oriente Médio.
Inovação e o Banco Safra
Uma das mudanças no cenário bancário brasileito foi a utilização da letra de câmbio para o financiamento de operações, trazendo um rendimento aos clientes em suas contas, ou seja, uma remuneração nas contas, como já estamos acostumados atualmente.
Apostando em diferentes inovações, passam a despertar o interesse na cena nacional, ganhando mais confiança de clientes e investidores.
Em 1967, é fundado o Banco de Santos, que depois passou a se chamar Banco Safra. Desde o início, o banco passa a ganhar espaço e confiança, tornando-se famoso, principalmente, entre os banqueiros brasileiros e da elite paulistana.
O crescimento segue forte para os irmãos Safra, que adquirem outras instituições financeiras, como o Banco Nacional Transatlântico e o Banco das Indústrias.
Os irmãos Joseph e Moise Safra seguem no comando do Banco Safra, enquanto o outro irmão, Edmond Safra, funda em Nova York duas instituições de extremo sucesso: o Trade Development Bank e o Republic National Bank of New York.
Edmond possuía um estilo único de administração, priorizando comunicados oficiais e balanços que afastassem a imprensa e suas especulações. No mercado, ele era conhecido pela administração super cuidadosa e, algumas vezes, até rígida. Também era famoso por sua forma de gerir funcionários, com uma relação de proximidade com parte deles.
Os conflitos e investimentos de Safra
A segurança sempre foi primordial para Joseph Safra e, apesar de preferir investimentos com mais estabilidade e foco no longo prazo, isso não quer dizer que os resultados eram menores.
Durante os anos 1980, ele realizou umas das operações mais surpreendentes para o mercado. Devido à inflação crescente, a caderneta de poupança foi a aposta do banqueiro para maio de 1988. Ele conseguiu visualizar que o rendimento do mês para os títulos de renda fixa que aplicava renderia menos que a poupança, já que maio possuía cinco finais de semana, prejudicando esses ativos.
Com cerca de US$ 125 milhões aplicados em moeda da época nas poupanças do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC) e da Caixa, ele investiu o dinheiro e recolheu os rendimentos no mês. Isso acabou gerando uma mudança no sistema bancário, alterando as regras para os depósitos de valores altos.
Mas entre tantos acertos, Safra também cometeu alguns erros, como qualquer investidor. No fim dos anos 1990, ele se alia à empresa americana BellSouth e funda a BCP, para explorar a rede de celular no Brasil, com as privatizações que o setor passava.
Os lucros iniciais não foram suficientes para impedir o acúmulo de US$ 1,5 bilhão em dívidas e o não pagamento de credores. Com isso, a empresa é vendida em 2003 para a controladora da Claro, a América Móvil.
Outro momento que trouxe os Safras para os holofotes foi a disputa interna pelo banco. Edmond, que estava nos EUA, começa a se desfazer dos seus negócios, devido a questões de saúde, vendendo seus bancos e até jóias da família; aumentando a insatisfação dos irmãos. Um período após as vendas dos bancos que fundou nos EUA, Edmond acaba sendo assassinado, em 1999.
Após esse trágico capítulo, Joseph e Moise entram em conflito pela administração dos negócios familiares. Joseph demonstra interesse em ser o único controlador do Banco Safra, mas os irmãos não entram em acordo sobre a venda das partes.
Ela lança então o Banco J.Safra, em 2004, em frente ao Safra da Av. Paulista, oferecendo o mesmo modelo de negócio e atraindo os correntistas do “opositor”.
Nessa relação de perder ganhando, já que Joseph perdia de um lado e ganhava no outro, Moise só colhia prejuízos e decide vender a sua parte para o irmão dois anos depois. Com isso, Joseph mantém o negócio em suas próprias mãos e nas dos filhos.
Joseph dá seguimento ao seu plano de sucessão aos filhos, mas a crise de 2008, além de outros escândalos envolvendo o nome do banco, complicam os próximos passos seguintes.
Entre os escândalos estavam o esquema de pirâmide financeira de Bernard Madoff, o prejuízo da Aracruz Celulose (em que os irmãos Safra detinham participação) e a citação na Operação Zelotes.
Nos últimos anos, as aquisições do Safra ganharam destaque, como a compra do banco suíço Sarasin, a Tower Bridge Corporate, em São Paulo, e do famoso edifício Gherkin, em Londres. No total, estima-se que a família possua mais de 150 imóveis ao redor do mundo, incluindo diversos edifícios de luxo.
Além disso, o Banco Safra deu início à renovação da sua imagem, adicionando ao portfólio produtos mais próximos ao varejo, como a máquina de cartões SafraPay e a carteira digital SafraWallet, se abrindo para um público diferente do que o banco estava acostumado.
Atualmente, o banco está em mais de 160 localidades espalhadas pelo mundo, com aproximadamente R$ 233 bilhões em ativos administrados, além das diversas aquisições que fazem parte do portfólio.
Joseph Safra, assim como seus irmãos, enfrentou as consequências do Parkinson e faleceu em 2020, deixando uma fortuna avaliada em mais de R$ 100 bilhões.
O estilo de Joseph Safra
Confira, a seguir, algumas das principais marcas do estilo de administração de Joseph Safra.
- Tenha boas referências
Ele aprendeu que, para estar no mercado bancário, precisaria investir em uma imagem sólida e limpa, pois só assim poderia dar confiança aos clientes.
“Se escolher navegar os mares do sistema bancário, construa seu banco como construiria seu barco: sólido para enfrentar, com segurança, qualquer tempestade” é uma frase de seu pai, Jacob, que virou o lema do banco.
- Liquidez
Joseph Safra sempre priorizou o oferecimento de serviços com liquidez máxima, garantindo aos seus clientes que conseguissem acessar seus investimentos na hora em que precisassem. Isso é essencial em momentos de crise, dando confiança ao investidor de que seu serviço estará sempre ao lado dele.
- Longo prazo
Os empreendimentos trouxeram resultados ao longo dos anos, sempre de forma planejada e com muitos estudos. Priorizando também a segurança, ele conseguiu alcançar a posição de banqueiro mais rico do mundo, sem realizar operações de extremo risco. Os resultados virão com calma, constância e visão a longo prazo.
- Risco não é para todos
Já na adolescência, ao perder US$ 300 em um investimento, ele viu que não queria correr riscos. Saiba qual o seu limite e como quer seguir com as suas aplicações. Investimentos de risco podem trazer ganhos maiores e, ao mesmo tempo, perdas. Não adianta focar somente em resultados passados, se aquele ativo não se adapta ao seu estilo e tolerância.
- Seja reservado
Joseph Safra sempre levou um estilo de vida reservado, fugindo dos holofotes a que os bilionários costumam ser submetidos pela mídia. Isso fazia com que o banqueiro fosse muito discreto em relação a sua vida pessoal e negócios, afastando especulações e mantendo o foco e tempo em seus empreendimentos.
- Investir também é doar
Assim como diversos outros grandes nomes do mercado financeiro, Joseph Safra foi um grande filantropo, apoiando a arte, medicina, causas sociais e também promovendo a cultura judaica.
Fontes: Banco Safra, InfoMoney

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