Nascido em Budapeste, Hungria, em 1930, George Soros se tornou um dos nomes mais seguidos e, ao mesmo tempo, polêmicos das Bolsas mundiais. Com uma história cheia de fatos marcantes e revoluções, ele continua a atrair os holofotes por onde passa.
Seja pelas suas estratégias no mercado ou pelas opiniões políticas e econômicas, George Soros acumula cerca de US$ 8,6 bilhões, segundo a Forbes, fazendo uso de um estilo de gerenciamento arriscado, mas sempre baseado em profundos estudos e numa visão macro do mercado.
Fundador da organização não governamental Open Society Foundation, ele apoia diversos movimentos democráticos ao redor do mundo. Seu nome ganhou ainda mais notoriedade nos últimos anos, sendo atacado por teorias e conspirações, inclusive durante o governo Trump.
Entre suas pautas, Soros defende a justiça social, liberdade de expressão e movimentos a favor de minorias. Conheça a história do homem que ficou conhecido por “quebrar o Banco da Inglaterra”.
A história de George Soros
Com origens judias, sua família vivia na Hungria nos primeiros anos de vida, durante o período entre as guerras mundiais. Filho de Erzsébet, de uma família húngara rica do mercado da seda, e do advogado Tivadar, que foi prisioneiro da Rússia durante a I Guerra Mundial, Soros teve seu nome alterado de György Schwartz para George Soros, com a aproximação da II Guerra, em 1936.
Mesmo não sendo tão ligados à religião, seu pai sabia quais seriam as consequências que suas origens poderiam provocar à família, e ele estava certo. Não só George mudou de nome, mas todos tiveram seus registros alterados, para “nomes mais neutros”. Isso ajudou que eles passassem despercebidos diante dos horrores da nazismo.
Mas em 1944, com o rompimento da Hungria com a Alemanha e a invasão do país, a realidade da família começou a mudar. Como ele mesmo disse, “1944, ano da ocupação alemã, foi minha experiência formativa. Em vez de nos submetermos ao nosso destino, resistimos a uma força maligna que era muito mais forte do que nós, mas prevalecemos”.
Com 13 anos, foi convocado pelo Conselho Judeu. Com uma lista de nomes, ele deveria solicitar que algumas pessoas se apresentassem ao conselho. Composta, principalmente, por advogados judeus, segundo o pai de Soros, a lista poderia representar nomes para deportação. O adolescente decide não voltar ao Conselho, mas, mesmo assim, os boatos de que ele havia contribuído com os nazistas foram criados.
Soros começa a viver com um oficial húngaro e passa a se identificar como Sandor Kiss, afilhado do homem. A família se separa e cada um recebe um nome diferente, para fugir das ameaças nazistas. Nesse período, seu pai se dedicava a ajudar outras famílias judias com novos documentos.
Com o fim da guerra, a Hungria é ocupada pelo governo soviético, fazendo com que Soros se mude para Londres. Lá, ele começa os seus estudos de filosofia na London School of Economics, realizando graduação e mestrado até 1954.
Além de realizar diversos trabalhos no período, ele conhece Karl Popper, autor de A Sociedade Aberta e seus Inimigos, que passou a ser uma influência constante em sua vida e negócios. A obra questionava o absolutismo e propunha uma sociedade aberta e livre em suas visões de mundo, convivendo em harmonia.
Soros e os investimentos
Com a intenção de escrever um livro, mas vendo o tempo e condições que seriam necessárias, decide procurar um emprego, focando seus esforços em bancos de investimento do país. Assim, ele começa a trabalhar como atendente no Singer and Friedlander e logo segue para a área de negociação de ativos.
Em 1956, desembarca em Nova York e começa a atuar na gestora F. M. Mayer. Depois de três anos na companhia e já com a sua cidadania americana, segue para Wertheim and Co. Coloca como objetivo conseguir US$ 500 mil, para voltar com seus estudos de filosofia em Londres. Suas duas metas são atingidas, mas de formas diferentes.
Ele consegue o valor estipulado, mas continua seus investimentos. Também retorna seus estudos em filosofia, mas faz isso enquanto trabalha nos EUA, se dividindo entre a Wertheim and Co. e, depois, como vice-presidente na Arnhold and S. Bleichroeder.
Apostando alto
Em 1966, decide ter seu primeiro fundo com US$ 100 mil, uma forma de aplicar todos os seus conhecimentos em investimentos e filosofia. Três anos se passaram e ele lança o fundo hedge Double Eagle e, com o sucesso, abre também a sua própria gestora: a Soros Fund Management.
Junto com Jim Rogers, a empresa começa a sua escalada de gerenciamento e fazendo de Soros um dos homens mais ricos do planeta.
Tanto o primeiro fundo como a gestora mudam de nomes, se tornando, respectivamente, o Quantum e Quantum Group of Funds. Inicialmente gerenciando US$ 12 milhões, o Quantum Group of Funds chegou a lucrar mais de US$ 44 bilhões ao longo dos anos, principalmente aplicando em taxas de câmbio e investimentos de curto prazo.
Em 1992, vê sua vida e história mudarem drasticamente. Percebendo a supervalorização da libra, decide investir contra a moeda, aplicando US$ 10 bilhões dos fundos hedge. Sua teoria estava certa e, somente com este investimento, obteve um retorno de US$ 1 bilhão.
Sua fama foi feita nesse momento, sendo nomeado “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”. Diversas instituições financeiras tentaram reverter a situação do país, mas sem sucesso, levando a Inglaterra a ficar fora do sistema cambial europeu.
A Quantum fez a sua fama com o evento e continuou com as estratégias arriscadas, que, ao mesmo tempo, permitiram que o fundo hedge tivesse retorno médio anual de 20%, também ganhando a alcunha de um dos mais rentáveis do mercado. A gestora mudou seus rumos em 2011, passando a administrar somente a fortuna da família de Soros.
Causas sociais de George Soros
George Soros sempre foi um apoiador de causas sociais importantes para a igualdade e justiça, inclusive por toda a sua trajetória junto à filosofia. Desde 1979, ele começa a sua jornada pelas causas sociais, oferecendo bolsas de estudos para universitários da África do Sul, durante o período do Apartheid, e dissidentes da Europa Oriental, durante a Guerra Fria.
Cinco anos depois, inspirado pelos ideais de Karl Popper, fundou na Hungria uma organização com o objetivo de apoiar ações para a abertura de sociedades fechadas, além do desenvolvimento de pensamento crítico em diversos países. Essa organização passaria a se chamar Open Society Foundation.
Entre os feitos do movimento criado estão a criação da Universidade Centro-Europeia, em Budapeste, em defesa da democracia e da ciências na região. Após o fim do governo comunista na Rússia, financiou bolsas de estudos a cientistas e apoiou na conexão à internet nas universidades.
A organização progressista atua até hoje em mais de 100 países, envolvendo questões como:
- a legalização da cannabis medicinal;
- o apoio ao movimento LGBTQIA+;
- e auxílio educacional a comunidades em dificuldade.
O investidor já transferiu mais de US$ 18 bilhões para a organização desde 2018.
Soros e o governo Trump
Ao mesmo tempo em que sua fama e financiamentos cresciam, ele despertava a fúria de governos de extrema-direita por suas ideias progressistas e “patrocinando movimentos de esquerda”.
Com Trump no poder, sua imagem se consolidou ainda mais como “inimigo da direita”. Ele já foi acusado de promover, por exemplo, a viagem de diversos imigrantes ilegais de Honduras para os EUA, mas não houve nenhuma prova de apoio financeiro ao movimento.
Em outros países, conspirações acusam o investidor de “incentivar movimentos migratórios” ou “dividir países”, como a Turquia. Entre suas críticas, Soros já questionou Bolsonaro pela falta de ação em relação à proteção da Amazônia. Também mostrou sua insatisfação com governos ditatoriais, como Rússia e China.
Apesar das conspirações, Soros é um claro defensor do liberalismo e do mercado, indo contra as teorias de defender o comunismo e uma possível dominação global. Como ele mesmo já disse, ser rico é o que o permite ser filantropo e provocar mudanças e ajudar em escala global.
Ensinamentos e frases de George Soros
- “Não há nada de errado em correr riscos; desde que não se arrisque tudo.”
- “A coisa mais difícil de julgar é qual nível de risco é seguro.”
- “A questão não é se você está certo ou errado, mas quanto dinheiro você ganha quando está certo e quanto você perde quando está errado.”
- “A economia global é caracterizada não apenas pelo livre movimento de produtos e serviços mas, mais importante, o livre movimento de ideias e capital.”
- “Se eu tivesse que resumir as minhas habilidades práticas, eu usaria uma palavra: sobrevivência. E operar um fundo hedge utilizou o meu treinamento de sobrevivência ao máximo.”
- “É muito mais fácil colocar recursos existentes em um melhor uso do que desenvolver recursos onde eles não existem.”
O estilo de George Soros
Cinco pontos se destacam entre os seguidos por George Soros na sua trajetória. Confira-os, a seguir, e inspire-se!
Esteja sempre informado
Soros sempre utilizou da filosofia e dos seus conhecimentos para montar suas carteiras e se tornar um dos principais gestores de fundos hedge do mundo. Sua visão ampla o permitiu saber os momentos certos para investir e obter os melhores resultados.
Não se apegue a investimentos
Entre seus investimentos, ele sempre priorizou aplicações em taxas de câmbio e ativos de curto prazo, otimizando tempo e colhendo com as movimentações ágeis do mercado. Mas lembre-se: é preciso saber quando e quanto arriscar e se esse é o seu perfil.
Aprenda com seus erros
“Eu sou rico apenas porque sei quando estou errado…Eu basicamente sobrevivi por reconhecer os meus próprios erros.” Investir também envolve errar e o aprendizado deve ser constante. Quanto mais informações você tiver, mais longe estará de errar. Mas caso aconteça, saiba como evitar os mesmos erros nos próximos momentos.
Questione
Não acredite em verdade absolutas e inquestionáveis. Busque fontes para confirmar suas ideias ou confrontá-las. Em todos os campos da vida, a evolução só acontece no momento em que deixamos pontos de conforto.
Siga a sua intuição
Por utilizar um conhecimento amplo para suas aplicações, George Soros sempre seguiu sua intuição. Por lidar com movimentos arriscados e de curto prazo, ele sabia que deveria estar sempre certo nas suas ações ou disposto a aprender com os seus erros. “Os mercados estão constantemente em um estado de incerteza e fluxo. O dinheiro é feito descontando o óbvio e apostando no inesperado.”
Fontes: InfoMoney, Forbes, Buy and Hold.
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